CARTA ABERTA PELA ÉTICA


A busca pela dignidade tem se tornado cada dia mais difícil e até meramente utópica, porque o individualismo que se alastra, cada vez mais, na luta cega pelo poder e pela acumulação das coisas mundanas, impedem o indivíduo de perceber que ele não está sozinho no mundo. Que vive obrigatoriamente em sociedade. Em suma, que ele vive com os outros.

Essa convivência com os outros, na realidade, é uma coisa extremamente delicada, pois, existe muita dificuldade em se ver o outro como sendo "outro eu "ou seja, o outro não é um eu. Há uma tendência em se instrumentalizar as pessoas para se conseguir objetivos individuais.

Dessa forma, a convivência parece impossível, pelo fato de sempre se ver o outro como objeto; e o outro, também, adota semelhante atitude, o que torna o convívio absolutamente conflituoso.

De qualquer forma, ainda que seja essa a realidade, a vida é sempre pautada em uma situação em que os outros estão presentes, tentando, igualmente, exercer a liberdade deles. Daí esse choque de consciência da liberdade que faz parte da existência histórica, social e política da humanidade.

Diante, então, do inevitável EU e da impossibilidade de nunca conseguir ter uma ideia clara dos OUTROS, o único caminho viável é a associação em um projeto humano e histórico que englobe o outro e que nunca seja individual. Isso tem a ver com cidade, política, com o coletivo, enfim! A partir dessa postura as pessoas tendem a agir conjuntamente.

Isso não significa, porém, o dever de se conhecer inteiramente o outro, mas, trata-se de uma ação recíproca com ele, porque os projetos se convergem, mutuamente, do ponto de vista social, político e histórico. Em outras palavras: O individualismo não pode, jamais, ter primazia, pois, assim, a sociedade, ainda que bem organizada, ficaria em segundo plano, em virtude desse nefasto individualismo, que prevalece, mesmo que o indivíduo se associe aos outros para organizar e melhor defender o coletivo. 

Nesse contexto, prega-se muito a Ética. Todavia, o campo da Ética é repleto de desafios; não, bastando, portanto, boas intenções para segui-lo.  É preciso também, boa vontade, obstinação e, acima de tudo, estar imbuído do sentimento daquilo que é certo; caso contrário todo esforço será em vão.

Pode-se falar muito em Ética. Mas uma ética só de palavras nada significa, pois a Ética é uma afirmação das ações e não das palavras. Ela é uma possibilidade humana que não exige erudição, mas, simplesmente, o reconhecimento do outro como alguém importante no qual o indivíduo é capaz, ao mesmo tempo, de reconhecer-se nele.

O reconhecimento do outro como alguém importante quer dizer imputar-lhe o devido valor, percebendo que ele, como pessoa, tem, igualmente a nós, medos, angústias, necessidades, aspirações, ou seja, ter ética é identificar o outro como nosso semelhante.

Embora muitos julguem que a ética é pautada no bom agir, ter ética é, na verdade, amar! pois é impossível o "bom agir", sem amor e sem a bondade. Entretanto, amar e ser bom não é ser bonzinho, ou "bombozinho", do tipo de caras e bocas sorridentes.

 Ser bom, muitas vezes, parece muito com ser mau porque exige rigor, disciplina, imparcialidade, honestidade e até uma aparente crueldade. Aquele que permite passivamente todos abusos ao redor de si sob o pretexto de ser bom, não o é, de fato. 

Ser bom é, em última análise, ser intransigente amigo da verdade, da retidão, da justiça, da ordem e da disciplina. O indivíduo realmente bom deve, ter a coragem de ser considerado mau em nome de uma causa sagrada, como por exemplo a educação, por aqueles que não são bons, mas se consideram "do bem" e polidos!

TEXTO DEDICADO A TODOS PROFESSORES E PROFESSORAS.


Por VALTER SILVA

Comente a postagem

Postagem Anterior Próxima Postagem