EMBAIXADORES DE DEUS – POR VALTER SILVA


Filadélfia Bahia, 05 de Abril de 2020

EMBAIXADORES DE DEUS

“O homem é aquilo que ele pensa em seu coração”! Essa frase, presente nas sagradas escrituras, é confirmada no Sermão da Montanha quando Jesus afirma que são bem- aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.

O egoísta impuro não pode ver a Deus, que é puríssimo amor, porque sua crescente egolatria equivale a uma cegueira mental que intercepta totalmente a luz divina entre o Deus-amor e o homem profano.

Pela atitude do espírito os possuidores do reino celestial se despossuiram interiormente dos poderes da terra, abrindo, assim, caminho para o reino dos céus. Já aqueles que vêem a Deus, além dos bens materiais, se libertaram igualmente dos bens mentais e emocionais; ou seja, de todos os pensamentos e desejos incompatíveis com o mundo divino.

Lamentavelmente, o homem dos dias de hoje perdeu sua razão e abriu falência moral, uma vez que só é estimado e respeitado aparentemente e apenas pelos seus companheiros de profanidade que, na verdade, reverenciam seu dinheiro, sua posição social e seu prestígio, mas, nunca o alguém que ele deveria ser, mas que, de fato, não é. Assim, o homem contemporâneo, cada vez mais, se auto desvaloriza ao deixar de ser alguém para se tornar um mero objeto.

Além disso, como no presente é quase impossível ter consciência própria, pois a publicidade social é absolutamente contagiante e sutil, o homem da nossa época, não resistindo aos apelos publicitários para “andar na moda”, acaba “coisificado” na escravidão universal da apodrecida sociedade individualista; friamente insensível aos dramas alheios.

Talvez, esse catastrófico momento, em que vivemos uma tenebrosa pandemia, nos convide, como protótipo desse homem profano, a entrarmos em uma nova e inédita dimensão da consciência, paradoxalmente grandiosa, desapegando-nos das coisas supérfluas e servindo-nos tão somente daquelas necessárias para uma vida digna e honesta.

O homem que busca ser crístico, e não apenas cristão, necessita, portanto, de uma vida absolutamente leal; sem jamais dissimular ou camuflar a verdade sobre si mesmo e ciente, sobretudo, de que o luxo e a luxúria são detritos que tornam impraticável uma vida em harmonia um com o espírito do evangelho pregado e vivido pelo Cristo no Sermão da Montanha.

Diante do caos instalado pelo corona vírus, os cultuadores do ego já não podem fazer estatísticas de sua filantropia a fim de se promoverem, seja social ou politicamente, e nem, sequer, apertar as mãos dos seus beneficiados ou secar as lágrimas de um velhinho, grato por um favor recebido, porque o falso agir dos egoístas e dos demagogos já não têm espaço ou pertinência em face do tétrico espetáculo do medo e da própria morte que se alastra em larga escala pelo mundo afora.

Exposto a essa dura realidade, o homem atual começa a perceber que deve agir como age o universo. Então, à medida
que recebe verticalmente de Deus é proporcional à sua distribuição horizontal aos fracos, aos ignorantes e a todos enfermos que, porventura, necessitem de alívio para seus sofrimentos, porque onde cessa a doação para os lados, cessa, simultaneamente, o recebimento de cima.

Essencialmente perfeito pelo íntimo contato com Deus e também existencialmente bom pela solidariedade com todas as criaturas do Pai celestial, esse homem, enfim cristificado pela cruel, mas educativa dor, trabalha inteiramente de graça sem esperar nenhuma recompensa externa ou qualquer gratidão dos seus beneficiados, porquanto, seu trabalho é movido pelo amor à sua árdua, porém, sempre digna missão de plenipotenciário embaixador de Deus no hoje agonizante planeta Terra.

Por Valter Silva

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